17 de agosto – Solenidade da Assunção de Nossa Senhora
“À vossa direita se encontra a rainha, com veste esplendente de ouro de Ofir” (Sl 44, 10). Assim canta o salmista, nos convidando a contemplar Aquela que, assunta ao Céu, encantou o Rei Eterno com sua beleza.
A incomensurável grandeza de Nossa Senhora resulta de sua predestinação à Maternidade Divina, dom tão extraordinário que supera todo merecimento. Por isso, em sua humildade profunda, cheia de gratidão e restituição, Ela exclamou: “O Todo-Poderoso fez grandes coisas em meu favor” (Lc 1, 49). E Santo Agostinho indaga: “Que grandes coisas fez em Vós? Creio que, sendo Vós criatura, désseis à luz o Criador e, sendo serva, gerásseis o Senhor, para que Deus redimisse o mundo por Vós, e por Vós também lhe devolvesse a vida”.1
Que glorificação recebeu a Mãe de Deus no dia de sua subida aos Céus em corpo e alma? Não nos é difícil considerar ter sido a maior celebração ali realizada, depois dos esplendores retumbantes da Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Recebida por toda a corte celeste, foi Ela ocupar seu lugar junto ao trono de seu Divino Filho.
Comenta Dr. Plinio Corrêa de Oliveira2 terem, nesse instante, todas as gloriosas perfeições de Maria Santíssima reluzido de modo ímpar: sua bondade imensurável, sua suavidade, sua soberania, seu atrativo, sua virginal firmeza; tudo se manifestou de maneira fulgurante para maravilhamento dos Anjos e dos bem-aventurados. Sobretudo brilhou o sublime traço da grandeza de Nossa Senhora: a superioridade e a compaixão. Sim, em decorrência da Maternidade Divina e da Mediação Universal, é Ela a intercessora por meio da qual a misericórdia de Deus “se estende, de geração em geração, a todos os que O respeitam” (Lc 1, 50).
Num arroubo de entusiasmo e profetismo, proclama São Luís Grignion de Montfort que a salvação do mundo começou pela Santíssima Virgem e que, em consequência, por Ela deve ser consumada: “Maria deve brilhar, mais do que nunca, em misericórdia, em força e em graça nesses últimos tempos. Em misericórdia, para trazer de volta e receber amorosamente os pobres pecadores e extraviados que se converterão e voltarão à Igreja Católica. Em força contra os inimigos de Deus, […] que se revoltarão terrivelmente para seduzir e fazer cair, por meio de promessas e ameaças, todos aqueles que lhes forem contrários. Enfim, Ela deve brilhar em graça, para animar e sustentar os valentes soldados e fiéis servos de Jesus Cristo, que combaterão pelos seus interesses”.3
Assunta aos Céus, está à direita de seu Filho a Rainha profetizada no Apocalipse: “Uma mulher vestida de Sol, tendo a Lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas” (12, 1), a triunfar sobre o “grande Dragão, cor de fogo” (12, 3). E esse combate Lhe confere ainda maior fulgor, como afirma Dr. Plinio: “Nossa Senhora esmagou e esmagará para todo o sempre a cabeça da maldita Serpente. Assim agindo, Ela acrescenta às suas extraordinárias e singulares prerrogativas a glória da luta”.4 ◊
Notas
1 SANTO AGOSTINHO, apud SÃO TOMÁS DE AQUINO. Catena Aurea. In Lucam, c.I, v.49.
2 Cf. CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Festa de todas as alegrias. In: Dr. Plinio. São Paulo. Ano IX. N.101 (ago., 2006), p.36.
3 SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem, n.50. 3.ed. São Paulo: Retornarei, 2018, p.39.
4 CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. A luta, uma das glórias de Maria. In: Dr. Plinio. São Paulo. Ano XXI. N.247 (out., 2018), p.36.