As graças místicas iluminaram toda a sua vida
Aos dez anos a pequena Juanita fez sua Primeira Comunhão. Desde então, como ela revelou a seu confessor, o Pe. Antonio Falgueras, SJ, “Nosso Senhor me falava depois de comungar; dizia-me coisas das quais eu não suspeitava. E quando eu Lhe perguntava, me revelava coisas que iam suceder e que de fato aconteciam. Mas eu achava que ocorria o mesmo com todas as pessoas que comungavam.”
Em carta a seu pai, pedindo per- missão para ser carmelita, narra: “Desde pequena amei muito a Santíssima Virgem, a quem confiava todos os meus assuntos. Só com Ela me desafogava. Ela correspondeu a esse carinho; protegia-me, e escutava sempre o que eu lhe pedia. E Ela me ensinou a amar Nosso Senhor (…) Um dia (…) ouvi a voz do Sagrado Coração que me pedia que eu fosse toda d’Ele. Não creio que isso tenha sido uma ilusão, porque nesse mesmo instante me vi transformada: aquela que procurava o amor das cria- turas, não desejou senão o de Deus.”
Já no Carmelo de Los Andes, es- creve ao Padre Colom, SJ: “Também Nosso Senhor se apresenta a mim, às vezes, interiormente e me fala. Durante aproximadamente uma semana, vi-O na agonia, mas de uma maneira tal co- mo jamais teria sonhado. Sofri muito, porque essa imagem me aparecia constantemente e me pedia que O consolas- se. Depois foi o Sagrado Coração, no tabernáculo, com o rosto muito triste. E, por último, no dia do Sagrado Co- ração, apresentou-Se a mim com uma ternura e beleza tal que minha alma se abrasava em seu amor.”
Escrava de Maria, grandes provações
A jovem Juanita ingressou no convento de Los Andes no dia 7 de maio de 1919, tomando o nome de Irmã Teresa de Jesus. Fez votos de pobreza, obediência e castidade em 27 de junho e recebeu o hábito de noviça em 14 de outubro do mesmo ano. No dia 8 de dezembro, consagrou-se como escrava de Maria, segundo o método ensinado por São Luís Grignion de Montfort. Doravante, seus atos e sacrifícios seriam todos para Nossa Senhora. “Combinei com a Santíssima Virgem que Ela passasse a ser meu sacerdote, que me oferecesse a cada momento pelos pecadores e pelos sacerdotes, mas banhada com o sangue do Coração de Jesus” – escreveu.
No curto tempo passado por Juanita no convento, sua superiora, com um extraordinário senso das almas, determinou que continuasse seu apostolado por meio de cartas à sua família e às suas amigas. Os resultados não se fizeram esperar. Sua mãe se fez terciária carmelita. Sua irmã menor, Re- beca, ingressou no mesmo convento, meses após a morte da Irmã Teresa. Várias de suas amigas, moças da melhor sociedade, tinham por ela tal estima e admiração que decidiram também consagrar suas vidas a Jesus, no Carmelo ou em outros institutos religiosos. Atravessando crises e ambientes adversos, perduram até hoje os efeitos de seu bom exemplo, atraindo muitas jovens para a vida contemplativa e para as atividades de aposto- lado leigo na sociedade.
No dia 1º de abril de 1920, a Irmã Teresa adoeceu gravemente. Ante a iminência de sua morte, e dada a santidade de sua vida, a Superiora permitiu que fizesse os votos de carmelita professa e Esposa de Cristo, in articulo mortis, no dia 7 desse mês.
Mas estavam por vir as grandes provações espirituais que uma vítima expiatória costuma receber. Quis Deus que ela, como outros santos, sofresse a terrível sensação de ter sido não só abandonada mas condenada por Ele. Assim, ardendo em febre, fazia esforços para retirar seu escapulário e afastar os objetos de piedade que a rodeavam. Num tom de voz acabrunhador, exclamou: “Nunca pensei que a Santíssima Virgem fosse me abandonar!“. Depois de certo tempo de luta terrível, foi-se acalmando aos poucos, até que num momento disse sorrindo, co- mo se tivesse uma visão: “Meu esposo!”
Morreu suavemente três dias de- pois, em 12 de abril de 1920.
De forma inesperada, o povo da cidade de Los Andes acorreu em grande número ao velório dessa até então desconhecida freira, que vivera apenas nove meses no Carmelo. Todos pediam para tocar seus objetos de piedade no corpo da “santa”, todos recebiam graças de paz, de benquerença, de afervoramento e de piedade.
Em 3 de abril de 1987, S.S. João Paulo II beatificou a Irmã Teresa. Sua fama de santidade cresceu de forma impressionante no Chile e em todo o mundo, sem que ninguém se preocupasse em difundi-la. Por fim, o mesmo Papa a canonizou, no dia 21 de março de 1993.
Um imponente santuário foi construído em sua honra, tendo como fundo de quadro uma grandiosa vista da Cordilheira dos Andes.
Visita ao Santuário de Santa Teresa de Los Andes
Em 2002, uma numerosa delegação dos Arautos do Evangelho foi prestar culto à Santa carmelita em seu santuário e participar de uma so- lene Celebração eucarística comemorativa de sua festa.
O prior do santuário, o padre carmelita Javier Arbilla, reconhecendo estar na melhor fase de sua vida apostólica, contou que todos os anos quase um milhão de peregrinos vão rezar junto ao túmulo de Santa Teresa de Los Andes, com uma fé e um recolhi- mento comovedores.
“A graça que mais nos impressiona – narrou ele – é a da Confissão. Há sempre dois ou três sacerdotes atendendo confissões. Muitos padres do clero secular vêm para cá somente para atender confissões, mas ainda são insuficientes. Não sei quem recebe mais graças, se os penitentes que aqui se reconciliam com Deus e se sentem perdoados e amados, ou se nós, os sacerdotes que vemos tantos maravilhosos favores do Senhor. Todos esses sacerdotes expressam seu contentamento por virem aqui atender confissões.
“Santa Teresa de los Andes socorre de modo impressionante os fiéis que, em suas necessidades, a ela recorrem. Temos vários arquivos cheios de certifica- dos médicos, que atestam curas para as quais não se encontra outra explicação senão a sobrenatural. Estamos aqui há oito anos, presenciando o poder da intercessão dela, vendo como as pessoas adquirem forças para se confessar, e sempre com alegria. Como perfeita es- crava da Santíssima Virgem, Santa Teresa aproxima as almas de Nosso Se- nhor Jesus Cristo. Ver essas conversões é uma experiência das mais felizes da minha vida de religioso” – concluiu o Pe. Javier.
Sem dúvida, os chilenos podem afirmar com o antigo Bispo diocesano, Dom Manuel Camilo Vial: “Teresa de Los Andes tornou-se um símbolo do amor do Senhor por nossa pátria.”