Solenidade da Bem-Aventurada
Virgem Maria da Conceição Aparecida – 12 de outubro
Certa vez um peregrino que visitava a conhecida “sala dos milagres”, no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, ao ver a quantidade de ex-votos e fotografias postas no teto ficou curioso em conhecer as histórias que estariam por detrás dos retratos. Tendo-se dirigido ao balcão de informações do lugar, perguntou se existia uma compilação das graças alcançadas por aqueles devotos, pois certamente eles tinham enviado alguma descrição do que lhes sucedera. “É impossível fazer tal compilação”, respondeu sem titubear a atendente. E explicou: “Além dessas fotografias que estão afixadas no momento, temos uma grande quantidade guardada, cujo número não para de aumentar… De tempos em tempos substituímos todas pelas novas que chegaram”. Calcula-se que por volta de setenta mil fotografias já passaram pela sala…
Esse fato sublinha bem um aspecto de Nossa Senhora que transparece nas leituras da Solenidade de hoje: sua intercessão infalível, escachoante e abrangente!
Infalível porque Ela é a Medianeira onipotente, cujas ousadias em muito superam a de Ester, narrada na primeira leitura desta Liturgia, provirem da certeza de possuir as “boas graças” do Rei e de nunca pedir algo que não seja do agrado d’Ele, em virtude da perfeita identidade de vontades entre os dois.
Escachoante, segundo relata o Evangelho das Bodas de Caná, visto que Ela obtém o milagre da conversão de seiscentos litros de água em vinho, já no final da festa de casamento, “apenas” para que os noivos não fiquem em má situação ante os convidados. Trata-se de um milagre propriamente “desnecessário”…
Abrangente, pois, como comprova o mesmo milagre, está profundamente enganado quem pense que Ela só atende a necessidades espirituais… Maria Santíssima concede sempre o que é “melhor”, nunca o “menos bom”, tanto no campo sobrenatural quanto no temporal.
Com essas características quis Nossa Senhora pôr o seu trono no Brasil, exercendo sua intercessão com uma superabundância de milagres, proporcionais ao tamanho continental de nosso país.
Além dessa realeza pela conquista individual dos corações, podemos afirmar que a Santíssima Virgem tornou-Se também Rainha de nossas terras a partir do momento em que sua imagem foi solenemente coroada no pontificado de São Pio X e proclamada padroeira da nação em 1931, por Pio XI. Como afirmava Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, por este ato em que o Papa utiliza o poder das chaves, “para efeitos celestes e terrestres Nossa Senhora tem direitos sobre o Brasil ainda maiores”.1
Portanto, esta solenidade é um dia especial para agradecermos a predileção de Nossa Senhora por nosso país e para pedirmos com empenho que nele, pelo fervor de sua entrega a Deus e pela prática dos Mandamentos, cumpra-se o que a Virgem proclamou em Fátima: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!” Então poderemos aclamar o Brasil plenamente como Terra de Santa Cruz, porque será inteiramente Terra de Maria. ◊
Notas
1 CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferência. São Paulo, 5/10/1964.