“Feliz do povo cujo Senhor é Deus, cuja Rainha é a Mãe de Deus!” — diz o Santo Padre, em mensagem a Dom Raymundo Damasceno Assis, incentivando os brasileiros à devoção a Nossa Senhora Aparecida.

 

Por ocasião do Centenário da Coroação de Nossa Senhora Aparecida, desejo unir-me espiritualmente ao querido povo brasileiro para prestar minha homenagem à sua Rainha e Padroeira, tendo decidido designar como meu Enviado Especial o Cardeal Eugênio de Araújo Sales, a fim de presidir em meu nome aos ritos e celebrações desta significativa ocorrência no seu Santuário Nacional, insigne testemunho da fé e devoção mariana nessa bendita terra.

Há quase três séculos que a Virgem marcou um encontro singular com a gente brasileira nesse lugar. (…) O amor e a devoção a Maria são um dos traços característicos da religiosidade do povo brasileiro.

A multidão imensa de pessoas que acorre ao Santuário de sua Rainha e Padroeira obedece a um genuíno movimento da alma desse amado povo, cumpre um gesto profundamente brasileiro, enchendo essa cidade do Vale do Paraíba sobretudo de oração e de fé; de uma fé simples mas que é, sem dúvida, o que deve ser a fé: uma busca de Deus, talvez desajeitada e imperfeita, mas comovedoramente sincera, arraigada, capaz de sacrifícios, uma busca de Deus através de Nossa Senhora. (…)

No transcurso da história comovedora da imagem morena de sua Rainha e Mãe tão amada, homens e mulheres de todas as condições e cultura a proclamaram “Soberana”. Por isso, meu venerável predecessor Pio X, sensibilizado com a solicitação dos filhos devotos da Virgem Aparecida, coroou Nossa Senhora como Rainha do Brasil no ano de 1904. Este patrocínio de Maria sobre uma Nação não é algo que acontece sem o concurso de seus protegidos, mas supõe seu livre consentimento, cada dia renovado; supõe que o peçam e se façam dignos dele, o encarnando num compromisso de vida inspirado pelas certezas profundas e sólidas da fé.

Papa João Paulo II

A certeza de que Nossa Senhora, por um lado, Se encontra para sempre junto de Deus, onde advoga a nossa causa com tamanho poder que foi denominada “onipotência suplicante”; mas, por outro, “é da nossa estirpe, verdadeira filha de Eva (…) e nossa verdadeira irmã, que compartilhou plenamente, mulher humilde e pobre como foi, a nossa condição” (Paulo VI, Marialis cultus, 56). Teve uma pátria, pertenceu a um povo, aos quais amou e pelos quais sofreu; podemos pensar que Ela experimentou essa realidade humana que é o patriotismo, conhece seu sentido mais profundo. Tendo levado consigo estes valores para o Céu, Ela sabe o que pedir junto de Deus melhor do que o fizera Ester ao rei Assuero: “Só te peço, ó rei, que salves o meu povo” (cf. Est 7, 3).

A certeza de que o patrocínio de Maria, sob o seu título de Aparecida, inclui da parte de seus súditos um compromisso de se darem as mãos uns aos outros, no esforço para que o País se converta naquilo mesmo que Maria quer que seja, uma vez que Ela o adotou como seu: uma terra onde impere a hospitalidade, a cordialidade, a capacidade de dialogar, de “compor”, mais do que “opor”.

No plano religioso, que toca de mais perto a vós, venerados Bispos, é importante o compromisso de assumir com verdadeiro espírito pastoral a imemorial devoção mariana de vosso povo: procurar compreendê-la em seu enraizamento mais profundo, desvendar seus valores, captar seu significado, acolhê-la, purificando-a e orientando-a. Muito depende da atitude dos Pastores e agentes de pastoral que essa devoção seja para o povo um caminho para o encontro, na fé, com Deus em Jesus Cristo.

Ajudem, pois, os fiéis a viverem sua devoção mariana como um claro e corajoso testemunho de amor a Cristo, que manifeste a identidade pessoal e comunitária dos católicos, contra o perigo do secularismo e do consumismo, e ao mesmo tempo favoreça nas famílias a prática das virtudes cristãs. De igual modo, esta devoção ajudará a consolidar os vínculos de comunhão com os Pastores da Igreja de Cristo, enfrentando a desagregação da fé, fomentada tantas vezes pelo proselitismo das seitas. A História ensina que Maria é a verdadeira salvaguarda da fé; em cada crise, a Igreja reúne-se em volta d’Ela. Só assim os discípulos do Senhor poderão ser para os outros sal da terra e luz do mundo (cf. Mt 5, 13-14).

“Feliz do povo cujo Senhor é Deus, cuja Rainha é a Mãe de Deus!” Assim proclamava o Papa Pio XII e assim poderá exclamar essa dileta arquidiocese de Aparecida, se devidamente souber voltar os olhos para Aquela que gerou, por obra do Espírito Santo, o Verbo feito carne. É que a missão essencial da Igreja consiste precisamente em fazer nascer Cristo no coração dos fiéis (cf. Lumen gentium, 65) pela ação do mesmo Espírito Santo, através da evangelização.

Queridos Irmãos e Irmãs, confio todas e cada uma das Comunidades eclesiais brasileiras à proteção de Nossa Senhora Aparecida, para que permaneçam fiéis na pureza da fé, corroboradas na esperança, generosas na caridade. A Ela suplico que lhes infunda um maior dinamismo, fazendo de cada cristão um verdadeiro apóstolo. Como demonstração do meu grande afeto, concedo-vos a implorada Bênção Apostólica.²

Mensagem a Dom Raymundo Damasceno Assis,
Arcebispo de Aparecida, pelo centenario da
Coroação da milagrosa imagem

Basílica de Nossa Senhora Aparecida

A voz do Papa – Breves

A verdadeira riqueza

Neste domingo, a Liturgia volta a propor-nos o ensinamento de Jesus sobre a verdadeira riqueza: ela não é constituída pelos bens materiais, mas é espiritual, e consiste em reconhecer o primado de Deus na nossa vida, deixando-nos conduzir, com todas as escolhas quotidianas, pelo seu Evangelho. Para a multidão que o segue, Jesus explica que é insensato “quem acumula tesouros para si, mas não é rico diante de Deus” (cf. Lc 12, 21).

Caríssimos Irmãos e Irmãs! Uma testemunha singular e um exemplo eloqüente desta “riqueza” espiritual é Maria, que se define “serva” do Senhor, e se abandona totalmente à vontade divina. Que a Virgem Maria nos oriente no caminho árduo mas libertador da santidade cristã, fonte de paz e de alegria interiores.

Ângelus, Castel-Gandolfo, 1/8/2004

Sacramento da Reconciliação

Progride na sociedade moderna um difuso enfraquecimento do senso do pecado e, em conseqüência, da importância do Sacramento da Reconciliação. Isto interpela a pastoral da Igreja e, de modo particular, a ação apostólica dessa Congregação, a qual adequadamente encontra no anúncio da Redenção de Cristo um de seus elementos fundamentais. À imitação de vosso Santo Fundador, continuai, caros Redentoristas, sempre solícitos em relação aos pecadores e prontos a acolhê-los no Sacramento da Reconciliação com afeto de pai e desvelo de médico.

Mensagem ao Superior
Geral dos Redentoristas, 7/9/2004

Resposta aos desafios do nosso tempo

Nossa Igreja sente a necessidade de uma revitalização da vida de Fé e de ação apostólica. Neste empenho estão unidos todos os movimentos espirituais e as comunidades eclesiais que o Espírito do Senhor suscitou na aurora do terceiro milênio. São eles uma resposta da Providência aos numerosos desafios de nosso tempo.

Discurso ao Movimento
Internacional de Schönstatt, 9/9/2004

 

Artigo anteriorSanta Clara de Assis – Discípula perfeita de São Francisco
Próximo artigoO Rosário,meio fácil e seguro de salvação
Artigos não assinados

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui