Sinto-me profundamente preocupada: parece que o Rio Gave transbordou, e ainda não sei se a água causou muitos estragos na Gruta e nos moinhos localizados em suas margens. Quanto à cidade, julgo não haver nada a recear. Parece que a inundação danificou muito Tarbes e Bagnères, e que até houve vítimas; temo muito por meus parentes de Momères. Favor enviar-me notícias a este respeito.
Nossa prima Joana escreveu-me do convento trapista e me encarrega de não esquecê-la junto de ti e de meus irmãos. Preocupa-me muito sua situação, pois ela se encontra muito perto de Toulouse, onde a inundação provocou terríveis devastações: consta que é incalculável o número de pessoas afogadas; nunca antes se viu coisa semelhante.
O bom Deus nos castiga, mas sempre como Pai. As ruas de Paris se empaparam com o sangue de grande número de vítimas, e isto não foi suficiente para tocar os corações empedernidos no mal; tornou-se necessário que as ruas do sul da França fossem igualmente inundadas e que houvesse também vítimas ali.
Meu Deus! como é cego o homem quando não abre seu coração à luz da Fé! Após tão pavorosas desgraças, não teremos o vivo desejo de nos perguntar o que poderia ter provocado esses terríveis castigos? Prestemos atenção e escutaremos uma voz a nos dizer no fundo do coração: é o pecado; sim, o pecado, o maior dos males, que nos acarreta todas as punições. Cai sobre nós o mal que maliciosamente praticamos; eis a “felicidade” e os “benefícios” que o pecado nos proporciona. Ó meu Deus, perdoai-nos e tende piedade de nós!
Santa Bernadette Soubirous,
extratos de uma carta de 4/7/1875