São Francisco de Paula – O Máximo dos Mínimos

O santo que desejou praticar a mais extrema humilda­de, tornou-se conselheiro de três reis da França.

São Francisco de Paula. Quadro de P. Nogari, Igreja de Sant’Andrea delle Fratte dos Padres Mínimos, em Roma

“É impossível dizer quantos milhares de pessoas acorreram de suas casas ao anúncio da morte de São Francisco de Paula. Afluíam de todos os cantos para venerar aquele corpo que tinha hospedado uma alma tão valorosa: beijavam-lhe as mãos, instrumentos de tantas obras santas.” Este foi o depoimento de uma testemunha ocular no pro­cesso de beatificação do santo, que aos 91 anos descansava no Senhor. Quem foi esse heróico varão de Deus?

Francisco desde criança deixou transparecer seu amor pela oração, recolhimento e mortificação. Quan­do fez treze anos, seus pais confiaram sua educação aos franciscanos. Mesmo sem ter votos, cum­pria as regras em todos os pontos, dando aos frades um vigoroso exemplo de virtude.

Em 1435, aos 16 anos, retirou-se para uma propriedade de sua família, onde passou a viver como ermitão, impondo-se um regime tão austero que cau­sou estupor. Mas não demorou para começarem a se reunir em torno dele seus primeiros discípulos.

Quando, em 1452, fundou a Ordem dos Mínimos, quis que a penitência, a caridade e a humildade fossem seus fundamentos. Fez da abstinência de carne e seus derivados um quarto voto, por ele chamado “voto da vida quaresmal”, que deveria ser praticado pelos Mínimos durante toda a vida. Desejava que o exemplo de sua Ordem fosse uma lição muda, mais eficaz do que todos os sermões.

Tomou a caridade como lema da Ordem, o caráter marcante que uniria seus membros entre si, lembrando as palavras do Salvador: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros.” (Jo 13,35)

Embora conhecido por papas, reis, nobres e prín­cipes, tinha-se como o último dos fiéis. Movido pela humildade intitulava-se o “mínimo dos Mínimos”. O superior de cada uma de suas casas devia lembrar-se de que era o servidor de todos os outros. “Se alguém quer ser o primeiro, será o último de todos e o servo de todos” (Mc 9, 34), era a máxima por eles vivida.

Capela de São Francisco de Paula na Igreja de Sant’Andrea delle Fratte, em Roma, casamãe da Ordem fundada por ele

Realizou vários milagres, dentre os quais uma res­surreição: o Santo tinha um sobrinho com vocação religiosa, mas a mãe (sua irmã), negava-se a deixar o filho entrar para a Ordem dos Mínimos. O rapaz morreu repentinamente. Estando o cadáver para ser sepultado, São Francisco de Paula ordenou que o le­vassem para sua cela, onde obteve de Deus a res­surreição do sobrinho. Sem saber de nada, a mãe de­solada, veio reconfortar-se com o irmão; este fez-lhe ver o justo castigo recebido pela culpa de seu apego, e perguntou-lhe se estava arrependida. Respondendo afirmativamente, a mãe viu o filho cheio de vida, porém vestido com o hábito religioso.

A profecia foi outro traço marcante de sua santidade. Previu a tomada de Granada e a queda de Cons­tantinopla em 1453.

Após viver 25 anos na França, onde foi, por ordem do Papa Sixto IV, diretor espiritual de três reis, morreu serenamente em 2 de abril de 1507 (uma sexta-feira santa), em Plessislès-Tours. Em sua humildade, nunca aceitou ser ordenado sacerdote.

É difícil, especialmente nos dias de hoje, a prática dessas duas virtudes tão amadas por São Francisco de Paula: a austeridade e a humildade. Todavia, quão grande é aos olhos de Deus aquele que se sen­te mínimo em sua pequenez e sustenta uma vida de sacrifícios na contemplação do Senhor.

Pedindo o auxílio deste grande santo para seguir seu exemplo, façamos nossa a última oração pronunciada por São Francisco de Paula, na hora de sua morte:“Amável Jesus, conservai os justos, justificai os peca­dores, tende compaixão de todos os fiéis vivos e defuntos e sede-me propício, se bem que eu seja um indigníssimo pe­cador”.

“Amável Jesus, conservai os justos, justificai os peca­dores, tende compaixão de todos os fiéis vivos e defuntos e sede-me propício, se bem que eu seja um indigníssimo pe­cador”.

 

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