Tu és incapaz de avaliar a fraqueza humana, quanto o homem não tem juízo e discernimento, confiando apenas em si mesmo, nas próprias ideias.
Ó homem estulto! Não percebes que tua capacidade de conhecer provém de Mim? Não vês que fui Eu a dar-te o conhecimento e a cuidar de tuas necessidades? Toma em consideração tua experiência: pretendes fazer coisas que não podes, nem sabes; quando podes, não sabes, e, quando sabes, não podes; umas vezes queres, mas não dispões de tempo, outas vezes dispões de tempo e não queres!
Acontece que tudo isso, para teu bem, depende de mim. Deves reconhecer que nada és; deves humilhar-te e deixar o orgulho. Como as coisas não dependem de ti, só encontras instabilidade e privação; unicamente minha graça é estável e firme. Somente ela jamais te será retirada ou mudada. Contra tua vontade, nunca a perderás por causa do pecado. […]
Ó filha bondosa e querida, a humanidade não foi leal e fiel para comigo. Desobedeceu a minha ordem e achou a morte. De minha parte mantive a fidelidade, conservei a finalidade para a qual a criara, com intenção de dar ao homem a felicidade. Uni a natureza divina, tão perfeita, à mísera natureza humana, resgatei a humanidade, restituí-lhe a graça pela morte de meu Filho.
Os homens sabem de tudo isso, mas não acreditam que sou poderoso para socorrê-los, forte para auxiliá-los e defendê-los dos inimigos, sábio para iluminar suas inteligências, clemente para fornecer-lhes o necessário à salvação, rico para locupletá-los, belo para aprimorá-los, possuidor de bens para nutri-los e de roupas para vesti-los. Seu modo de viver diz que não confiam em Mim; caso contrário suas ações seriam santas e honestas.
Santa Catarina de Sena.
Diálogo com Deus Pai, c.CXL
Santa Catarina de Sena – Sacristia do Convento de São Domingos, Lima